quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Inserção Posterior




 
 “Uma das mais importantes passagens da bíblia, em I João 5: 7-8 - popularmente conhecida como Johannine Comma - também é considerada pelos estudiosos uma inserção posterior."

   (Blog  Razão X Fé)


 
  Tem pensador que se prende muito a origem da palavra, isso fundamenta sua argumentação.
  Evidente que para interpretar bem um texto é preciso saber o que está escrito, entender em que contexto as palavras foram usadas.
  Nesse sentido até a pontuação é de suma importância.

  Eu, paralelamente ao que está escrito, busco a “matemática das coisas”.
  Fatos concretos, estatísticas.
  Não me deixo seduzir pela arte da retórica.

 
   Retórica é uma palavra que significa a arte de falar bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias com convicção.
  A retórica é uma área relacionada com a oratória e dialética, e remete para um grupo de normas que fazem com que um orador comunique com eloquência.
  Tem como objetivo expressar ideias de forma mais eficaz e bonita, sendo também responsável pelo aumento da capacidade de persuasão.



  A retórica não é um mal em si.
  Reduzido ao mínimo podemos dizer que retórica é um discurso bonito, escrito ou falado.
  O ideal é que uma exposição seja bonita e bem embasada.
  O problema é que tem gente que se especializa em falar “coisas bonitas”, a plateia se encanta e nem percebe que tem mais “emoção” que razão. 
  Se procurarmos um "argumento sólido", não encontramos.

  Vamos a um exemplo:

  O átomo é composto de prótons, nêutrons e elétrons.
  A eletricidade é basicamente criar uma diferença de potencial fazendo o elétron correr por um meio condutor.
   Forçamos esse movimento e ele pode ser transformado em energia cinética, térmica ou luminosa.
  Isso é física, passível de medição e fórmulas matemáticas.

  Daí um orador vem falar da raiz da palavra elétron, cujo termo original era elektron, que é como os gregos chamavam aquela resina fóssil vegetal que chamamos de âmbar.

  Um filosofo grego, Tales de Mileto, descobriu que esfregando uma pedra de âmbar no pelo de carneiro acontecia um fenômeno interessante de atrair partículas, uma força magica que ele não conseguiu identificar qual era.
   Tales viveu por volta de 600 anos antes do nascimento de Cristo, mas esta força magica que chamamos de eletricidade e campo magnético só foi ser melhor estudada depois da idade média.
  Isso mesmo, mais de 1000 anos se passaram!

  Daí vem um pensador defendendo que devemos mudar o nome da eletricidade para ambartricidade ou elektroncidade porque houve uma tradução errada do grego há mil anos atrás.
  Todos os estudos que se seguiram devem ser ignorados porque ignoramos um dado "fundamental", a origem da palavra!!

  Caraca!
  Se vou fazer uma instalação elétrica em minha casa uso conhecimentos, ferramentas e produtos atuais, não me importa muito como Benjamim Franklin fazia.

  Minhas teorias e opiniões são montadas a partir do que observo na atualidade, o que os antigos pensavam há 2000 anos atrás é uma curiosidade não um código sagrado que deve guiar minha vida hoje como se a "verdadeira verdade" estivesse em algum lugar do passado.

  Saber que Platão acreditava em almas gêmeas é uma curiosidade, pode até existir algo parecido, mas na atualidade eu observo que isso é só um "romantismo", não é a mais pura verdade só porque foi escrito em grego antigo por um grego antigo.
  Acredito que há pessoas com "personalidades compatíveis", mas não acredito em uma alma que foi dividida em duas por um imortal e que uma de nossas missões aqui na Terra seja encontrar nossa alma gêmea.

  Se minha alma gêmea nasceu no Japão fica “matematicamente” muito difícil encontra-la, deve ter mulher compatível comigo aqui no Brasil, bem mais fácil de encontrar.

  Para não me alongar e ligando o texto ao que foi debatido no Blog Razão X Fé.
  (Quando fiz o rascunho desse texto tinha o link para o Blog, quando fui publicar não encontrei mais, foi deletado ou o serviço descontinuado pelo site, mas não quis desperdiçar meu texto/tempo)

  Já debati com muita gente que supervaloriza o antigo.
  Quanto mais velho é um escrito, mais “verdadeiro”.
  O escrito grego antigo é o certo e tudo que veio a seguir é uma inserção posterior.
  Segundo a explanação no Blog Razão x Fé, as inserções ocorrem para uma elite dominar um povo oprimido.
  Concordo que manipular a “informação” é tão antigo quanto a humanidade.
  Mas nada garante que o escrito original também não tinha essa intenção.

  Por vezes uma inserção pode ser uma correção em uma história que fazia pouco sentido, como no caso de Deus parar o Sol.

  Com o conhecimento daquela época o escritor acreditava que para alongar o dia Deus teria que parar o Sol, mas na idade média já percebemos que ele teria que parar a Terra, logo esta inserção seria mais coerente que um escrito hebraico ou grego, a inserção seria mais "verdadeira".

  Eu sinceramente não entendo porque o que João pensava sobre a vinda de Cristo (ou sua missão) é tão superior ao que eu ou qualquer outra pessoa estudiosa da Bíblia pense!

  Não entendo esta fixação das pessoas em idolatrar os conhecimentos do primeiro século, como se os apóstolos fossem as mentes mais brilhantes que já passaram por este planeta.

  
  "Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.
  E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num."
 (1 João 5:7-8)


  O Razão X Fé é um Blog ateu e considera essa passagem de João uma inserção posterior para uma elite "provar" que existe o Espirito Santo.

  Segundo o texto no Blog, na Bíblia "original" não tem referências a uma trindade.
  O Espirito Santo é uma grosseira falsificação da Igreja Católica para enganar os tolos religiosos...

  É, pode ser isso, mas também tem outra possibilidade.
  Assim como observamos aplicações interessantes para a eletricidade muito depois de Tales de Mileto, a Igreja Católica deduziu que havia uma força paralela a atuação de Jesus e Deus principalmente analisando o ocorrido em pentecostes.
  Nesse caso a inserção foi uma correção.

  Para você que é religioso, quando o pastor ou o padre ficar expondo o pensamento de Pedro ou Paulo confronte com os seus próprios pensamentos, suas próprias observações.

  Pedro apesar de tudo negou Jesus 3 vezes, Paulo entre outras coisas tinha a mulher como um ser inferior, se você não concorda com eles nestas passagens porque não colocar em dúvida tudo mais?

  Não, não que eles estejam sempre errados, o problema é acreditar que eles estavam sempre certos e guiar sua vida hoje por opiniões emitidas há mais de 1500 anos.

  As melhores respostas dificilmente serão encontradas no passado, em escrituras antigas.
  O pensamento dos antigos nos servem como ponto de partida, não uma linha de chegada.

  Na ciência de séculos atrás acreditava-se que o átomo era indivisível.
  Descobrimos que não é e colocamos essa “inserção” nos livros mais “modernos”.