sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dorme Nenê

  




    “Falta muito para que a inocência tenha tanta proteção como o crime.”

           (François Rochefoucauld)

 



  



  A ameaça da canção de ninar.

  Revista Veja, 24/08/2011

  Quem dorme aceita se retirar da realidade e ficar indefeso. Esta retirada, sem a qual nós não vivemos, pode ser angustiante e deve ser facilitada. Por isso, espera-se de uma canção de ninar que ela seja apaziguadora. No entanto, ainda hoje, no Brasil, ouve-se a canção aterradora com a qual eu fui criada.

  Tive o desprazer de constatar isso, ligando a TV Globo e vendo um ator que a cantava, segurando nos braços um bebê: «Dorme neném que a cuca vem pegar/ Papai foi pra roça/ Mamãe foi passear».  O rosto do ator era bonito e o bebê comovente. Dois anjos mas, sem ter consciência do que fazia, o ator ameaçava o bebê. Dizia-lhe que o pai e a mãe estavam ausentes, e, caso ele não dormisse, a cuca o levaria.

  Popularmente, a cuca é uma velha feia parecida com um jacaré. Segundo o Aurélio, um bicho-papão, um papa-gente, etc. E, segundo Monteiro Lobato, uma bruxa com as unhas compridas como as de um gavião.

  Como explicar a vigência de uma canção de ninar tão assustadora se não pelo sadismo dos adultos em relação às crianças? Um sadismo que predispõe ao masoquismo e cujas consequências podem ser nefastas. A educação começa no berço, com as primeiras palavras, que tanto podem abrir quanto fechar o caminho. Isso significa que o educador – seja ele o pai, a mãe ou outra pessoa – precisa atentar para o que diz. Em vez de fazer menção à cuca, escolher, por exemplo, uma canção de ninar como a dos Beatles «Hora de dizer boa noite, dormir … O sol agora apagou a sua luz… Hora de dormir». Uma canção que associa o sono à desaparição do sol e faz dele um fenômeno natural.

Ninguém é obrigado a procriar. A obrigação está fora de moda. Mas quem tiver e não quiser se preocupar com o filho já crescido, precisa cuidar do mesmo durante a sua infância com devoção e inteligência, contrariando os hábitos, se preciso for. A vida não é fácil, e, por isso mesmo, é imperativo evitar dificuldades futuras. A prevenção é sempre melhor que o tratamento. Nós só esquecemos disso porque não somos educados para ser felizes e sim para repetir o que os outros fizeram sem questionar.

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 [Betty Milan é uma escritora e psicanalista brasileira.
  Autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Além de publicadas no Brasil, suas obras também circulam com selos de França, Argentina e China.
  Colaborou nos principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de São Paulo.]


  Certos títulos das matérias me chamam atenção, essa é uma das finalidades deles.

  “A ameaça da canção de ninar.”

   Como não ficar curioso? 

  A Betty transforma uma canção antiga de ninar em um monstro destruidor de criancinhas saudáveis mentalmente.

  Na cabeça da Betty o neném entende completamente essa letra.😏

  É estranho, até os dois anos a criança mal sabe falar, quanto mais associar tantas ideias e conceitos.
  Minha aposta é que o nenê quando ouve uma canção dessa só sente seu tom relaxante e a voz daquela pessoa agradável que ele nem sabe que é sua mãe, não sabe conceitualizar essa relação.
  Não entende o conceito de família.
  Duvido que saiba quem é Cuca ou Monteiro Lobato.😏

 NÃO estou defendendo a letra da música, sem dúvida é de mau gosto.

 Apenas acho um exagero, sugerir que ela possa influenciar significativamente o comportamento da criança no futuro.

  E aqui chegamos na principal provocação dessa meditação.

 Se o bebê tem capacidade de entender completamente a letra “Nana Neném”, tem também capacidade de entender que é só uma canção de ninar lúdica.

  Certas teorias da “psicologia” deveriam levar em consideração a dialética.

  Dialética é um debate onde há ideias diferentes, onde um posicionamento é defendido e contradito logo depois.


  Nesse caso quero dizer que o bebê não pode ser considerado sábio para entender a letra da música e ignorante para entender que é só uma canção de ninar.

  Vivemos numa época onde “pregam” que “bicho papão” não existe.
  Todo ser humano é naturalmente bom e se pratica algum mal é culpa da “sociedade a sua volta”.

  É o filme violento, a novela cheia de luxuria, a zoação na escola, o game ... a canção de ninar.

  Assim vamos tratando criminosos como vítimas.

  O “dimenor” roubou/matou ... vamos vasculhar sua vida de certo é algum trauma de infância.
  Se cantaram “Nana Neném” pra ele ... esta justificado...

  O cidadão invadiu uma casa, roubou, aterrorizou a família?
  Ele nasceu muito pobre, está traumatizado com a concentração de renda e injustiça social.


  Usando a dialética:
  Nana Neném é uma canção comum, todas as crianças em algum momento já ouviram.
  A maioria dos pobres NÃO são ladrões nem assassinos.


  Humm ... não importa, todos os pobres deveriam ser ladrões e assassinos.
  O marginal coloca para fora seus sentimentos, não fica hipocritamente disfarçando como os outros pobres.  

  Estou exagerando?
  Mas é o que parece.

  Então o dimenor pode fazer barbaridades que não fica mais que 3 anos preso (se o crime for gravíssimo).
  O dimaior pode pegar até 30 anos, mas se não cometer nenhum crime dentro do presidio é considerado como tendo “bom comportamento”.
  Tem a chamada “progressão de pena" que progride mais rapidamente quanto mais dinheiro você tiver para pagar bons advogados.
  Trinta anos viram dez ou menos, com direito a saidinhas e tudo mais.

  Não precisa nem ter muito dinheiro.
  Vejam o caso clássico do Guilherme de Pádua.
  Ficou 6 anos preso.

  
  "Pádua saiu da prisão em 14 de outubro de 1999.     
    Rompeu com Paula Thomaz e passou a trabalhar na Igreja Batista da Lagoinha em Belo Horizonte.
    Em março de 2006, casou-se com a produtora de moda Paula Maia, frequentadora da mesma igreja, 14 anos mais nova."

  Link


  E a vida segue...
  Não consta que Guilherme seja rico.
  Na prisão ele não matou nenhuma mulher a tesouradas então ... teve bom comportamento.

  Guilherme de Pádua (e tantos outros criminosos) são vítimas.
  De quê?
  Sei lá ... do terror causado pelo Bicho Papão e o Boi da cara preta!?

  “Falta muito para que o cidadão honesto tenha tanta proteção quanto o criminoso.”





 
   A canção “nana nenê” foi feita em uma época que “culturalmente” a humanidade preferia educar pelo medo.
  Hoje a canção é só uma tradição como "Atirei o pau no gato.”
 Se formos riscarmos da vida das crianças todas as canções e desenhos “politicamente incorretos” do passado ... acho que só devemos permitir produções de 2000 pra cá.
    Agora com beijo gay e tudo mais... é o "progressismo" ...





  
 
😒 “Evidente que sua mãe, como a maioria, não prestava atenção na letra, mesmo assim esse subconsciente coletivo escolheu esse tipo de letra, com tantos outros (em maior número) pra escolher. 
  Essa predileção "inconsciente" (repito) precisa de outra explicação, já que a da Betty não serve.
   (Comentarista)


  O mundo lá fora é perigoso, ainda mais para um bebê humano tão indefeso.
  Fora os perigos que temos hoje, no passado tinha mais animais selvagens.
  Uma onça é um “bicho papão”.

  ERA ACEITÁVEL COLOCAR UM CERTO MEDO NA CRIANÇA PARA ELA NÃO SAIR DE CASA OU DE PERTO DOS PAIS.

  Com minhas filhas sempre fui realista.
  Moramos em apartamento, instalamos telas, mas mais que isso.
  Falava para minhas filhas claramente que se caíssem lá embaixo iriam morrer.
  Minhas filhas já adolescentes sempre digo para tomarem cuidado ao ficar sozinhas com um homem em local que não podem pedir socorro.
  O estupro pode ocorrer por pessoas bem conhecidas.

  Falava para minhas filhas que “homem do saco” não existia, mas existe pessoas que sequestram crianças.

  Enfim.
  Para uns sou um pai “frio, insensível”.
  Eu sou o pai que acho que devo ser, mas estou aberto a críticas.
 (A decisão final é minha.)



                                           

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