terça-feira, 31 de julho de 2012

Metade da Festa


   “Antes de desejarmos ardentemente uma coisa, devemos examinar primeiro qual a felicidade daquele que a possui.”
[François de La Rochefoucauld]

  Uma colega me falou de seus planos de ir tentar a vida na cidade de Três Corações.

  “Três Corações é um município brasileiro do estado de Minas Gerais.
    Com cerca de 828 km² e 72 mil habitantes é um dos principais centros urbanos do sul do estado.
    Situa-se a cerca de 287 km de distância da capital estadual, Belo Horizonte.”


  A colega quer sair de Campinas porque:

👩 “Aqui não tem nada!”

  O que será que tem em Três Corações que não tem em Campinas?
  Praia sei que não é.
  E mesmo que tivesse para mim não seria um atrativo.
  Não invejo quem mora perto do mar, não vejo muita graça em estar na praia.
  O Sol escaldante, a areia entrando por todos os poros...me sinto desconfortável e sujo.
  Se a praia está deserta nos sentimos tão solitários, tudo parece tão longe, somos tão pequenos diante da imensidão do mar.
  Se está lotada a sensação é ainda pior, o excesso de gente me incomoda, temos que disputar tudo, até espaço, fila para usar um banheiro encardido...

  Mas minha opinião/gosto não conta, sou muito chato, ainda bem que não são todos iguais a mim.
  No entanto observo que uma coisa legal na praia é “ir até ela”, sair de nosso habitat natural.
  Para nós do interior viajar, “pegar a estrada” (desde que não esteja congestionada), “ir para o litoral”, mudar nossa paisagem... é metade da festa.
  Parar na beira da estrada tirar foto, comer alguma fruta ou especialidade da região.
  Morar no litoral tira metade da graça porque tira o prazer da viajem.

  Guarde esse ditado antigo:

“Cuidado com o que pede porque pode acontecer”.

  Você acredita que sua alegria estará em morar no litoral e luta insistentemente para que isso aconteça.
  Quando acontece percebe rapidamente que perdeu metade da festa, por consequência a alegria diminui.
  É evidente que se você realmente adora praia mudar para o litoral será bastante satisfatório.
  Quando visitar parentes no interior será sua festa de viagem.

  Por isso meu amigo Sócrates tem como uma das bases de sua Filosofia o “Conhece-te a ti mesmo.”

  Se realmente gosta de praia ou se é um lugar que gosta apenas de visitar é algo que só você, analisando profundamente seus sentimentos, pode responder.

  É surpreendente o número de pessoas que fazem alguma coisa só para não desagradar os outros ou porque está na “moda”.

  Será que minha colega se conhece bem?
  Ela tem boa vida em Campinas, é muito apegada a família que... mora em Campinas; descartamos saudade de pai, mãe, irmãos.

  Ela é casada, ama o marido então descartamos a hipótese dela ir atrás de um grande amor em Três Corações.

  Existe uma “possibilidade” de negócios lá, transporte escolar, mas é o tipo de atividade que tem muito mais mercado em Campinas.
  Se é para arriscar lá o mais lógico seria arriscar aqui.

  Essa opinião que Campinas (ou a cidade que você mora) não tem nada é interessante, escuto muito isso, vamos seguir por esse caminho, será útil para muita gente.

  To be continued...


   




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Um comentário:

Turbilhão 1.023,a linha do horizonte disse...

Li seu texto principal mais cedo,e gostei muito.
Quando cismamos com lugares e com paisagens,não tem jeito.
O sonho permanece,não importa qual seja a realidade.
Conhecê-la,ajuda bastante,mas não elimina a fantasia.

Antigamente,desejei por uns anos,morar em Águas de São Pedro.
Só não fiz isso,por falta de condições financeiras.
Agora,ando sonhando com Diadema.
Mesmo sabendo que se eu mudar para lá,não terei emprego na cidade.
Precisarei trabalhar em Santo André,São Bernardo,ou em São Caetano.

Horizontes místicos traduzem esperanças múltiplas,mas que dificilmente são admitidas por inteiro.
Quando eu penso em estar numa cidade do interior,é porque sonho que lá,haverá mais silêncio em meus ouvidos cansados de cidadã urbana,e é porque gosto de estar perto de paisagens naturais.

Incrível,contudo,é eu querer estar em Diadema,porque lá não tem nada,a não ser uma igreja budista da escola Tendai.
Não há uma profusão de árvores,nem de flores pelas ruas.

E sequer eu procuraria o sr.Hosaka.
Levariam anos para fazermos uma visita um ao outro.

Talvez,gostei do ambiente humanista que ali encontrei.
(fui lá duas vezes)
Talvez estou interessada em ficar mais integrada a uma comunidade budista- pois até o momento,toda igreja budista fica longe da minha casa,e não consigo ter contatos muito próximos com irmãos religiosos.

Mesmo um templo que havia num bairro aqui perto(o Tatuapé)- há anos,transferiu-se para a rua São Joaquim,no centro de Sampa.

Enfim,horizontes místicos,são horizontes mágicos,e tem o poder de nos motivar.
Acho que quando a moça que deseja se mudar para "Três Corações" em Minas, puder fazer isso,irá desfazer as malas,e começar a sonhar com outro local mais próspero.
Eu,provavelmente,não irei morar em Diadema,mas irei morar em Itaquera,pois é onde o conjunto de casas cujas prestações pago,com antecipação,está sendo construído.
Itaquera também é um bom lugar.

Especular sobre modificações no endereço,e sobre viagens,faz bem.
Eu gosto de Campinas.
É um centro urbano,com cara de interior rural.
Os dois mundos coexistem na cidade,ajustada a todos os gôstos.

Mas eu nunca moraria numa praia.
Eu poderia habitar uma casa na Serra do Mar,para ver sempre o mar bem abaixo de mim,mas próxima a ele,eu não ficaria.

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Por favor, não se incomode com minha penúltima réplica.
Por falta de "mais edição",ela pareceu passional.
Tente então,captar só o conteúdo...

É que hoje,eu havia decidido que eu ia escrever um texto mais longo em resposta à crônica principal...e não via a hora de começá-la.

Como sempre,estou grata pelas interações.

Me despeço por aqui.
Ontem eu fiquei um pouco desanimada para continuar a compor o Onírica,mas hoje retomarei o "divertimento".
Não irá demorar muito,irei começar a postar poesias,textos,e links,no "destaque".

Um ótimo dia ao sr.

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