sábado, 14 de julho de 2012

Natureza Amoral

  “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.”
[Jean Jacques Rousseau]


 “Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo.
   As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas classificaram e deram nome a somente 1,5 milhão de espécies.”

  Nesse palco do ecossistema terrestre o homem não é o ator principal e sim personagem.
  Vejam bem, somos tão ínfimos nesse processo que chutamos que há de 10 a 50 milhões de espécies atualmente no planeta, uma incrível margem de erro de 40 milhões!!!
  No entanto nós só catalogamos 1,5 milhão de espécies, na melhor das hipóteses ignoramos a existência de 8,5 milhões, é muita coisa.
  Nesse momento não temos como saber quantas espécies estão sendo extintas e quantas estão sendo criadas, sim criadas, porque não entendo de onde vem esse “dogma” que de repente as mutações pararam e não surgem novas espécies.

  Nós Sapiens somos a primeira espécie que se preocupa em preservar outras, isso é magnifico, algo muito CIVILIZADO.
  Respire fundo, tente acompanhar o pensamento.

  Se a Natureza é “boa” por criar espécies dialeticamente ela também é “má” por extinguir espécies.
[William Robson]

   Se os leões dominassem o planeta, não houvesse outro animal a altura de seu poder e os pandas fossem presas fáceis, alguém acredita que o leão não comeria o ultimo panda com a preocupação de preservar a espécie?

  Por outro lado se todos os leões sumissem da face da Terra, que falta iriam fazer?
  Pense bem, se todos os leões desaparecessem, quais as consequências para o planeta além de perder um belo animal?

  E se todos os humanos desaparecessem do planeta que falta faríamos?

  O planeta Terra passou a maior parte da sua existência sem ter humanos, pode muito bem passar mais bilhões de anos assim.
  Somos importantes para nós mesmos, para o planeta somos apenas mais uma espécie entre milhões tal qual os leões.

  A “Natureza” é insensível, quem tem “amor”, sentimentos, somos nós humanos.

  Vejamos alguns casos:

  “Com mais de 1.200 espécies, os peixes venenosos são bem mais numerosos que todas as cobras e invertebrados venenosos juntos.
  Dentre eles, o peixe-pedra (Synanceia verrucosa) é considerado o peixe venenoso mais perigoso.
  É encontrado em águas rasas nos Oceanos Pacífico e Índico, mede entre trinta e sessenta centímetros.
  Sua dieta consiste principalmente em peixes pequenos e crustáceos.
  Sua cor marrom-esverdeada confere ao peixe-pedra a capacidade de se camuflar entre as pedras em recifes tropicais, transformando-o num alvo fácil de ser pisado acidentalmente por uma pessoa.
  A região dorsal tem espinhos que liberam uma toxina venenosa.
  Se ela for injetada em uma pessoa, causa dor intensa.
  Dependendo da profundidade da penetração no ferimento, pode ocorrer choque, paralisia e morte de tecidos.
  Se não for tratada nas primeiras horas, o nível de toxidade pode ser fatal para os seres humanos.”

  Vejam que até nos oceanos há “maquinas biológicas de guerra” terríveis.

  Lembrei agora de um debate em que o outro participante considerava os cães anjos vindos do céu.
  Você sabia que tem cadelas que comem seus filhotes?

  “Minha cadela poodle deu cria há dois dias a 3 filhotinhos. (2 brancos e 1 preto)
  Todos aparentemente saudáveis, porém, ontem à noite quando cheguei do trabalho, percebi que tinham apenas dois filhotes (1 branco e 1 preto) ... revirei o quintal todo pra ver se achava rastro do branquinho perdido, mas não achei.
  Hoje pela manhã, a mesma coisa!
  Desapareceu o outro branquinho.
  Procurei e nada.
  Nem uma gota se sangue em lugar algum.
  Será que ela foi capaz de comer as crias?
  Eu ouvi dizer que quando a cadela rejeita a cria ela o abandona e deixa morrer, mas nunca ouvi dizer sobre "comer" filhotes.

  Cadelas fazendo isso e mesmo assim são anjos, uma mulher que fizesse isso seria um monstro.
  Tá, você vai argumentar que a mulher tem consciência a cadela não.
  Eu digo que se a falta de consciência da cadela não pode lhe conferir monstruosidade porque pode conferir santidade!?

  A Nihil (colega de internet) contou que depois de anos longe de casa seu cãozinho voltou no final da vida para ser tratado e ela ficou comovida com o “amor” do cão!!
  Já pensaram se eu abandonasse minha família e depois voltasse quando estivesse no fim da vida só para ser um peso a mais para esposa e filhas?
  Meu ato seria um ato de amor ou de egoísmo oportunista?
  Cães são egoístas/oportunistas ao extremo, mas não vamos irritar os viciados em cães...

  Considero caçar animais uma pratica horrível.
  Teve sua utilidade no passado, mas com a moderna agropecuária ficou dispensável, é lamentável que alguns humanos tenham prazer em matar outra espécie sem motivos “validos”.
  No entanto compreendo matar animais e dar um destino comercial/industrial a eles quando há uma infestação, nessa situação a ação humana é aceitável.
  Há uma grande infestação de pombos e ratos nos centros urbanos e caçar essas espécies não seria de todo mal.

  Quando há grande infestação a solução é matar ou evitar a procriação.

 Há uma grande infestação de humanos.

  Guerras e assassinatos não são suficientes para diminuir a população.
  Evidente que eu não quero guerras e nem aumento de crimes então a opção lógica é diminuir a procriação.
  Reduzindo a população humana sobrará mais espaço e recursos para outras espécies.

  Consumir racionalmente sem demonizar o conforto (não quero viver como índio) e fazer de tudo para evitar o desperdício.
  Se dá para consumir menos sacolas plásticas e canudos porque não fazê-lo?
  (Só dois exemplos entre tantos.)

  Se a Natureza aleatoriamente criou nossa espécie com essa grande capacidade de ter emoções (gostar/amar) e sermos civilizados, talvez ela esteja se corrigindo (ao acaso) da sua história de insensibilidade.

  Já caminhamos tanto, já evoluímos tanto, seria muito triste que um acidente cósmico acontecesse e regredíssemos à estaca zero.
  A Natureza é uma besta fera, nós podemos lhe dar uma boa direção.
  Você tem que escolher agora se será parte da solução ou continuará a ser um grande problema.
  Não existe essa Natureza pura e boa que você dogmaticamente aprendeu a adorar na escola e lendo pensadores românticos como Jacques Rousseau.

  A Natureza é AMORAL nem boa nem má.
  Nós é que podemos ser bons ou maus.

  [Amoral é aquilo que está fora da moral, ou seja, é neutro no que se refere à ética. 
  Em um sentido prático, um indivíduo amoral vive sem as condições subjetivas exigidas para que os seus atos ou juízos sejam morais.]









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6 comentários:

tripitaka 498,de bom dia! disse...

Ao natureza não é "pura e bondosa".
Mas,também não é "monstro predador".
Ela é a origem,e o final, das vidas.
Todas as criaturas,almejam a felicidade,quer pensem,quer não pensem,sendo boas,ou sendo ruins.

Ela é nossa "mãe divina".
Muito devemos ao que nos dá sentido,e estrutura.

Hoje de madrugada, vi sua mensagem sobre o peixinho cujo estômago acaba sendo substituído por um parasita,me enchi de horror,tentei responder,mas a internet saiu do ar.
Fui ler ao JD,depois fui meditar,agora estou "de volta".
Uma parte do que estou escrevendo,constou na mensagem perdida.
Se não existe tanta generosidade nos "processos naturais",nós- os seres hominais- existimos para impor tal generosidade a "esses processos".
Se eu tiver uma floricultura,ou um orquidário,precisarei viver matando os que matam as flores(lesmas e parasitas).

Nossa "divina mãe",ou "o divino Eros",são um pouco chatos,mas os amamos,e deles precisamos.
Sem natureza,a fotossíntese não aconteceria,então,não haveria oxigênio.
Sem visões de paisagens,e vegetação,nossa vontade de estar no mundo se esvai-e perdemos o "sentido do que é a vida".(o que pode levar rapidamente, a depressões)
Nós formamos uma "só entidade" com a diversidade do existente,só não aparecem em nós,os plugues,ou os encaixes.

As espécies,precisam existir,para gerar equilíbrio para as outras.
E também merecem existir.
Nós,humanóides,não estamos "pouco envolvidos" na extinção delas,
_e estamos começando a ser protagonistas da história.(eu nem leio revistas científicas,para não me apavorar...)
Esse é um "mal necessário" para sobrevivermos,mas algum dia,necessitaremos pagar a dívida,recuperando a flora,e parte da fauna desaparecida no planeta.

Outrossim, sim_ somos nós humanos quem temos "o melhor amor".
Não precisamos esperar boa conduta dos animais irracionais.
A "comparação moral" entre leões e pessoas- não é necessária,pois a supremacia no cuidado com o ambiente,cabe aos que tem "melhor cérebro",e melhores cérebros prevêem que os leões merecem viver.

Idem,a maioria das fêmeas não devora os filhotes,algumas se expõem a riscos,para cuidar da prole.
Que nem no reino humano.
Existem as boas mães,e existem as mães que não ligam para o bem estar dos filhos,nascidos,ou ainda por nascer.

Considerei o retorno do meu cãozinho(nos anos setenta),uma atitude amorosa.
Ele era só um cachorro,não era uma pessoa!(haha!)
Ele não foi maquiavélico,apenas preferiu morrer na casa dos antigos donos.

Sabemos quando um bicho "tem ética",se imaginamos que tal atitude é "equivalente a outra atitude que eu teria se..."
Eu aprecio a sofisticação da conduta de alguns irracionais,ao modo deles,porque ela me indica que eles são "almas sensíveis" desenvolvendo sentimentos.

Uma vez que somos tão "próximos" dos nossos amigões que "não pensam",podemos "aprender" com o "jeito deles",ao passo que lhes dispensamos cuidados.
Com as formigas,a organização,e a persistência.
Com as abelhas, a imaginar uma sociedade melhor.
(e podemos idem,saber a desvantagem da idolatria,por causa do "melodrama" dos zângãos...)
Com os cachorros,fiéis ao seu modo, lembramos do valor dos nossos contatos.
Com os gatos,aprendemos a ser ...estrategistas.

Umas vezes,circulo pela casa,para fazer o serviço,e vejo o gatinho Pitaco,me olhando,em posição de caça.
De repente,começa a me perseguir para brincar.
Se levo ele para o quintal,ele mia,chateado.
Mas,aí,tenta caçar o cachorro.(hehehe!)

segue

498,parte 2 disse...

Eu nunca vi a natureza,como "católica",ao contrário,para mim,ela era o "deus",e a mesma e a religião se opunham.
A "fusão" entre ambas,foi permitida em minha mente,a partir de 1.983.

Secretamente,para mim,ela ainda é "o deus".
Mas,eu procuro me afastar desses sentimentos.
Não posso fazer muito a respeito,atualmente.

A Grazi Átis possui a mesma devoção,e não possui,por ora,inclinação religiosa.
Ela poderá fazer um curso superior de Biologia.
Eu precisarei me satisfazer em ser uma "humanóide ética" e em me dedicar a outras urgências.
O "homem ético" é melhor para si mesmo,e é melhor para os seres vivos,mais até do que um "pagão"(um devoto do paganismo)
Tal tema,foi um dos meus primeiros textos para o blog atual.
Mais tarde,irei localizá-lo e repostá-lo.

Por ora,desejo um bom dia a todos.
De boas interações mútuas,e de boas interações com o ambiente em volta de nós.
Não há vida,sem "interdependência".
Se isso é bom ou não,não tenho certeza,mas vejo uma certa beleza no fato.

Até breve.

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William Robson disse...

“Não lute para ser uma pessoa que você não é. Querer ser magra, por exemplo, já é um sacrifício que não vale a pena”. [Preta Gil]
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“Muito bem, vamos pegar a primeira parte da frase, a que diz: – “Não lute para ser uma pessoa que você não é…” Essa frase, tomada ao pé da letra, pode nos levar ao desânimo. Posso, por exemplo, me ver com um pobretão irreparável, um feio sem futuro, um funcionário fadado a viver na miséria uma aposentadoria esquálida… Posso, levando a frase num sentido direto, dar-me, enfim, por vencido, – “Ah, já que sou assim, paciência, não me posso mudar”! Dito isto, desisto.” [Blog do Flávio]
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Concordo com você, mas ela dá uma corrigida na primeira parte da frase usando a segunda parte:
“Querer ser magra, por exemplo, já é um sacrifício que não vale a pena”.
Para ela manter uma silhueta delgada é um sacrifício que não compensa mais.
Cada um tem que decidir até que ponto persistir em um sonho.
Realmente tem pessoas com uma facilidade enorme para acumular gordura, isto é genético, nossa ciência ainda não tem uma boa solução para este problema.
Por motivo de manter uma boa saúde devemos evitar o excesso de peso, mas estar um pouco cheinho não é o fim do mundo.
Comer é um prazer tão agradável e tão acessível.
Devemos decidir até que ponto vale a pena manter um regime rigoroso, quando a silhueta é um detalhe em nossa vida e não a nossa vida.

FLÁVIO

tripitaka 499,de bom dia! disse...

Eu acho que o sr.se interessa um pouco mais pelo Espiritismo,do que pelas outras religiões,então,tenho uma boa curiosidade para o sr.
Fiquei lendo (nesses dias) sobre a babel das idéias dos catolicões Armínio,Calvino(vividos na Idade Média) e soube que Armínio- para compor sua doutrina arminiana, se inspirou num movimento antigo,chamado Pelagianismo.
Seu fundador,um padre "dos primórdios dos tempos" chamado Pelágio,não acreditava na transmissão genética do "pecado original" e contava que a "salvação da alma" depende só do próprio "paciente" e que não depende da intervenção "superior".

Para mim,isso tudo é carnaval,mas cristãos levam tais assuntos a sério.
Achei Pelágio muito semelhante ao sr.Kardec,iniciador do espiritismo.

tripitaka 508 disse...

Finalmente li o texto do Flávio.

Recentemente,escrevi uma "tripitaka" dizendo que esforços devem ser mantidos dentro de esquemas viáveis.
Não sei onde está.
Ou talvez,foi um texto que eu perdi,e que eu precisarei reescrever.

Não,não perdi não,agora lembrei.
Eu disse que "quando nos esforçamos para ser quem não temos nem vontade de ser",não estamos fazendo nenhum favor a ninguém,mas simplesmente,estamos genuflexos ao sistema social.
E que isso não é um bom exemplo.

Os sonhos verdadeiros a serem realizados,respeitam "nossa essência" e nossos limites.

explicação disse...

"estamos genuflexos ao sistema social".

tradução_ estamos ajoelhados perante o sistema social- idolatrando-o.