sábado, 1 de setembro de 2012

Traição e Fé

   “Os acontecimentos fazem mais traidores do que as opiniões.”
 [François René]

  Apenas ler a Bíblia não significa que você é evangélico.
  Você tem que ler a Bíblia e ter Fé que tudo ali foi inspirado por Deus. ​​

  Essa fé na Bíblia é fácil.
  É até difícil não acreditar que a Bíblia é 100% a palavra de Deus quando você nasce em um país Cristão como o Brasil.
  Os dogmas estão presentes desde sua mais tenra infância te cercando por todos os lados e lugares.

“A Bíblia é a perfeita palavra de Deus.”

  Isso é repetido infinitas vezes em sua vida, até quando seu cérebro está em formação no ventre da sua mãe.
  Em casa na Vila Boa Vista faltava comida, mas tinha uma bonita Bíblia ilustrada, meus pais devem ter ganho de alguém ou compraram movidos pela fé.
  Minha mãe lia e mostrava as figuras para eu e minha irmã Jane ... esse é um dos inúmeros “quadros” que guardo na memória.

   Essa “doutrinação” desde a infância acontece em outras religiões cada qual com seu livro sagrado.
  É difícil não acreditar que o livro sagrado é perfeito e infalível.
  Seu pai, sua mãe, sua vó ... todos dizem isso.
  A veracidade da Bíblia é uma coisa que até sua adolescência você nem ousa questionar e muitos passam a vida toda assim: “Religião não se discute.”

   As pessoas crescem com essas “opiniões” e rejeitam qualquer argumentação que as coloquem em dúvida a respeito de suas crenças herdadas de pais para filhos.

   Estava com um colega realizando um trabalho mais movimentado e um passante disse:

 🙎 “Hoje vocês estão trabalhando bastante, só vocês e Deus!”

  Eu brinquei dizendo que ainda não havia visto Deus na empresa hoje, que se Deus não trouxesse atestado seria descontado...
  Meu colega não gostou da sátira, disse que eu não devia ficar blasfemando.
  Na cabeça do meu colega um raio poderia nos atingir a qualquer momento ou ocorrer alguma maldição.
  Em respeito a crença de meu colega não faço mais esse tipo de comentário perto dele.
  Cá entre nós, se é para imaginar alguma coisa prefiro imaginar que Deus tem bom humor.


    Não são as opiniões que fazem as pessoas traírem suas crenças (religiosas ou ideológicas), são os acontecimentos.

  Fiquei sabendo a pouco de um pastor que pegou sua mulher com outro, ela o traia há algum tempo.
  A esposa é super religiosa, tem decorado várias passagens bíblicas, um casal “modelo” como sempre é o pastor e sua esposa em qualquer igreja.

  Qual foi o acontecimento?
  O pastor não a satisfazia na cama?


  Um amor maior aconteceu?

  Uma pessoa que tem certeza da salvação não a colocaria a perder por essas bobagens do mundo, amor homem mulher ou desejo sexual.
  Pensem bem, a esposa do pastor tem certeza de tudo que está escrito na Bíblia, tem certeza de todas as promessas feitas ali, vive na igreja, é sustentada pela igreja... ela não tinha como ceder a essa tentação por maior que fosse.
  Sua opinião resistiu a todas as argumentações lógicas só não resistiu aos acontecimentos...


  “Após descobrir que Sinhazinha (Maitê Proença) tem um caso com Osmundo (Erik Marmo), o coronel vai armado até a casa do dentista, onde os amantes estão na cama.”


  Esse não é um caso isolado, uma exceção à regra.
  Qualquer um que frequenta igrejas (eu já frequentei muito) sabe de todas as histórias que cercam as pessoas, gente que gasta mais do que ganha, está sempre endividada e sempre reclamando do materialismo e consumismo do mundo.
  Gente mesquinha que não paga nem o dizimo e fica conclamando as pessoas a serem caridosas.

  Você tem uma opinião ... qualquer que seja ela?

  Ser “fiel” a uma opinião é pratica-la na ação.

  Se você é contra a corrupção, mas vota em corruptos.
  É contra sexo antes do casamento, mas transa.
  É contra o consumismo, mas consome além da conta.
  É contra o capitalismo mas prefere Londres que Havana...
 

“A maior traição da Fé está nos acontecimentos.”

  Aquilo que você acha que está escondido, mas muitos estão sabendo ... segundo sua crença pelo menos  Deus está vendo.
  Pedro tinha uma segura opinião sobre Jesus, mas o negou três vezes depois de tê-lo visto morrer na cruz.
  Só voltou a ter fé quando aconteceu de Jesus aparecer para ele depois que ressuscitou, assim ... até eu!




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8 comentários:

tripitaka 598 disse...

Bom dia ao sr.!
Tempos atrás,eu teria usado esses acontecimentos,para comentar longamente sobre as contradições presentes em cada um.

Agora,posso fazer isso com mais simplicidade.

_Chance número um: a pessoa pratica uma religião só para livrar a consciência,e se sentir amparada num mundo..."perigoso de se viver",mas não acredita realmente nela.
Esse é o caso de muita gente.

_Chance número dois: a ida para uma igreja foi feita numa idade precoce.
Naquele tempo,o devoto acreditava nos padres,nos pastores,nos monges,no pai-de-santo,etc.
Depois ele amadureceu,e se desiludiu.
Mas,apesar disso,continuou ligado ao grupo,para não perder o amparo dos amigos-e para manter os vínculos familiares formados em tal igreja.
Todavia,em sua vida particular,suas circunstâncias começaram a ficar incompatíveis com suas crenças aparentes.

_Chance número 3_ talvez o crente acredita mesmo em tudo o que professa,mas está vivendo um desafio concreto maior do que pode aguentar.
Daí,fica fácil errar _deliberadamente ou não,em algumas coisas.

É isso.(eu não sabia se ia ser um "turbilhão" ou se ia ser uma "tripitaka",talvez eu devesse usar os dois títulos)
O pastor Caio Fábio é um ouvinte competente.

tripitaka 599 disse...

Ainda tem uma...

_quarta chance,

o devoto até suspeita haver alguma realidade em tudo o que ele professa,mas ainda não viu o deus mais importante da vida que vive: ele mesmo.
Podemos não acreditar na possibilidade,mas tem pessoas que não sabem "quem são" ou "o que elas são".
Escrevi há algum tempo,um artigo sobre isso,no "Onírica".

Quando falta autoconexão, toda crença religiosa,mesmo real,é uma "quase fantasia" que se vive,pois a própria história,ainda nem começou.
O ideal,é que os compromissos sejam adiados,quando se está assim(inclusive os religiosos).
Deus talvez não tem nenhuma vontade de usar suas criaturas, como fantoches.
Isso é mesmo contra os atributos que os cristãos imprimem à "suprema consciência criadora".

(o artigo que eu escrevi sobre a "autofidelidade" foi o turbilhão 1.022,e está no espaço de réplicas da poesia em destaque para aquele blog)

tripitaka 600 disse...

O acima exposto(na tripitaka 599) sugere que alguns fazem tudo o que todos fazem,mas não tem a sensação jamais,de fazerem o que desejam.
São mais "empurrados pelas coisas" do que responsáveis por suas seleções.

Mas,aqui irei contar umas curiosidades que me ocorrem também.

Aqui em meu ambiente,sou a última religiosa que fala,e a primeira "que apanha"(hehe!) por falar,quando o quesito é religiosidade.
Felizmente,idem ninguém me incomoda,nem tenta me convencer a "crer em outras alternativas".

O lar em que cresci,foi laico.
No tempo da minha infância,meus pais eram indiferentes à religião.
Atualmente,mamãe professa uma,"pai pitaco" nenhuma.
A primeira bíblia que eu tentei ler,foi uma ilustrada,da Mirador Internacional.
Aceitei as histórias antigas dela,como figurações.
Todavia,acreditei mesmo na origem dos judeus.
Para a minha surpresa,até aquelas histórias podem ser fictícias.
Saíram da imaginação de um grupo que precisava "fazer a teofania crescer",para ter motivação para conquistar um determinado território.
Que coisa...

tripitaka 601 disse...

"Fazer a teofania crescer" em minhas palavras,signica suscitar em nós a crença de que somos deuses,ou de que merecemos favores especiais dos céus.
De que "nascemos" de alguma forma,sortudos.(ou escolhidos)
Já escrevi bastante sobre a "síndrome da teofania",todavia,essa foi uma teoria inventada por mim.
Na wiki,ontem,eu vi um verbete para a "síndrome messiânica".
Ainda não li,mas estou certa de que é apenas a "teofania" levada ao exagero.
Ao exagero de promover uma ilusão de que se é um "messias".

Desejo um bom sábado a todos.
Procuremos viver sem tantas contradições.

°°°°°°°°°°°

William Robson disse...

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
============================
Li todos os comentários da amiga Nihil e não tenho o que dizer, foram satisfatoriamente abrangentes, complementaram bem o texto.

Amanhã nos adoraremos pelo avesso...

Um ótimo sábado a todos, CARPE DIEM!


PASSEANDO

Daniel disse...

Não vou dizer que isto é normal porque não é.
Mas, pecamos porque nos falta sabedoria.

Como um afortunado, não como evangélico tradicional religioso que eu não sou, é que eu trago estas coisas para saborearmos juntos de um pouco de conhecimento.

"Porque meu povo perece por falta de conhecimento"(Oséias 4:6)

- Procura não irritar-se!

Uma de minhas companheiras era uma senhora da igreja e que fazia trabalhos e participava do circulo de oração.

Dela é a frase: "educai as crianças para não precisar punir os adultos."

Eu não transei com esta senhora, mas ela me pagava para eu ser acompanhante dela nos lugares, e fazia mais.
Ela contou-me que o marido era estéril, e que sempre ela desejou ser mamãe.

Nada disso jamais é normal.

Daniel disse...

Uau, a Nihil esmiúça qualquer assunto.

Foi divertidíssimo lê-la hoje.

Mas eu observo que não dá para delimitar acertadamente sobre qualquer comportamento, isto porque nós não conhecemos nem a nós mesmos, como diremos conhecer aos outros?

O que você faz trazendo todas estas alternativas e chances, é confabular coisas da sua cabeça, procurando manter-se coesa sobre tudo isso de modo a não se decepcionar pelas próprias palavras.


NIHIL - Todavia,acreditei mesmo na origem dos judeus.
- Saíram da imaginação de um grupo que precisava "fazer a teofania crescer",para ter motivação para conquistar um determinado território
Que coisa...

Daniel disse...

WILLIAM - Se eu fosse naturalmente violento, sem muito apreço pela vida do próximo ,seria culpa de meu pai, de minha mãe, a educação alteraria a minha “natureza”?


Sim.
Não vejo porque demonizarmos seres humanos sem antes saber suas bases, ou qual educação receberam estes seres humanos.

Se somos civilizados é porque cultivamos dentro da gente valores bons que realmente fazem jus a nossa existência.

Mas quem nasce na guerra, como conhecerá o que é Paz?