segunda-feira, 11 de maio de 2015

Insegurança do Segurança

  “Nos indivíduos, a loucura é algo raro, mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.”

 [Friedrich Nietzsche]


  Assisti um vídeo, vou resumir a história.

  Estava ocorrendo um desentendimento na agência bancária.
  O policial pede pelo menos 3 vezes para a mulher que estava depois da porta giratória vir conversar com ele.
  A mulher intransigentemente se recusa.
  Ele avisa que se ela não sair vai ter que tira-la.
  A mulher ignorou, era como se o policial não estivesse ali.
  Ele entrou a pegou pelo braço, a tirou da agência.
  Como ela resistiu, o emprego de força foi maior, não bateu nela mas a arrastou para fora. 

  A revolta na agência e nos comentários da Internet foi geral.
  Ninguém questionou a recusa da mulher em falar com o policial.

😠 "Ele não deveria ter encostado a mão nela e ponto final." 
   


 

 Um agente de segurança não poder usar a força não faz sentido para mim!

 

 

   É como um padeiro não poder usar trigo ou um padre não poder usar a bíblia.
  A força física é o principal recurso de trabalho de um agente de segurança.
  A capacidade de diálogo vem logo em seguida.
  É o que eu defendo.
  Analisemos a situação.
  Não é possível que só de entrar na agência alguém não foi com a cara da mulher e chamou a polícia.
  A maioria de nós já presenciamos situações assim.
  Houve um problema/desentendimento, aconteceu o diálogo/negociação e como não chegou a um acordo chamou o agente de segurança. 
  Entendam que o dialogo já aconteceu e não se chegou a um entendimento.

  O soldado tem a mesma capacidade de diálogo que qualquer um, alguns são mais habilidosos outros menos. 
  O que muda na relação e faz a outra parte ficar mais predisposta a ouvir é a possibilidade do uso da força. 
  Um ladrão lhe aponta uma arma, pede seu celular, você cede pelo diálogo ou pela possibilidade do uso da força?
  Se você tiver certeza que a arma é de brinquedo.
  O diálogo do assaltante não vai funcionar.
  Você vai correr ou sair no tapa.

  A mulher na agência bancaria seria tão intransigente com um assaltante de banco quanto foi com o policial? 
  Claro que não, ela sabe que o assaltante vai usar a força fácil, no caso do policial ela apostou que ele não iria fazer a “loucura” de usar a força com ela.

  É preciso entender que a possibilidade do uso da força é o que permite efetivamente o segurança manter o cumprimento das normas. 
  Se nós enquanto sociedade não permitirmos que um agente de segurança use a força sacrificamos muito o cumprimento das normas de qualquer lugar, veja um exemplo: 


  Certa vez um cidadão estava fumando em área proibida. 
  Duas mulheres pediram para ele apagar o cigarro e foram ignoradas.
  Segundo as mulheres ele fumou um cigarro e acendeu outro, nisso elas vieram falar comigo.
  Eu disse:
- Senhor é proibido fumar nesse local.
  O cidadão olhou para o meu rosto e continuou fumando.
 Tirei o cigarro da mão dele e caminhei em direção à rua.
  O cara ficou indignado foi me seguindo.
  Falei que eu devolveria o cigarro se ele fumasse no lugar permitido.
  Ele cedeu pelo meu diálogo ou pelo uso da força?

  Eu corri um risco muito grande. 
  O cara era baixinho, magrinho, longe de estar em boa forma física.
  Tenham certeza que se ele viesse para cima de mim e eu simplesmente o empurrasse era só isso que as pessoas iriam ver, um cidadão monstruoso, no caso eu, agredindo um sujeito bem menor.
  Não estou dizendo que ele era a pessoa monstruosa, talvez estivesse em um péssimo dia, mas...

  NORMAS TEM QUE SER CUMPRIDAS MESMO QUANDO NÃO ESTAMOS DE BOM HUMOR.

  Naquele momento eu estava irritado por uma ocorrência anterior.
  Se eu estivesse no meu normal diria as mulheres o que já disse inúmeras vezes.

 - Não tem como obrigar o cidadão a apagar o cigarro tente ligar 190.

  A pessoa fica decepcionada, mas para um segurança é a coisa mais sensata a fazer.
  O Estado criou essa lei que peca pelo exagero, mas no geral é boa.
 (Eu particularmente defendo que o proprietário de um bar possa permitir o uso de cigarro em SUA PROPRIEDADE.) 

  De qualquer forma, quando alguém está fumando em lugar proibido o enrosco sobra para o gerente, balconista, recepcionista, segurança do local se tiver.
  O público incomodado quer uma providência, mas não quer incomodar o Estado, seria muito demorado.
  Ligue para a polícia e denuncie alguém fumando em local proibido, espere a viatura.

  Mesmo para policiais a providencia não pode ser o uso da força... a maioria da população não permite isso. 
  
  Percebem a LOUCURA?

  Um segurança alto e forte acaba sendo um reles espantalho.
  O que um espantalho faz? 
  Você coloca para espantar os pássaros, mas se o pássaro pousar ele não tem como fazer nada.

   Qual tipo de segurança é mais vantajoso para empresa contratar se o objetivo for lidar com o público? 
  a) homem alto e forte.
  b) mulher.
  c) homem idoso.
  d) mulher idosa.

  A pior escolha é o homem alto e forte.
  Em uma sociedade lógica sem dúvida seria a melhor opção, mas em uma sociedade com tão alto grau de irracionalidade ocorre essa subversão da lógica.
  Um homem alto e forte só vai servir de espantalho, sua força e tamanho pode intimidar alguns, mas se ele usar o recurso “força” a empresa terá problemas.
   Se esse homem forte estiver irritado (todos temos dias difíceis) e usar a força em alguém...
  Por mais certo que ele esteja, se esse alguém for uma mulher ou idoso a empresa será processada com chances quase inexistentes de ganhar o processo.

  Se a segurança for mulher ou idoso  tudo fica a favor da empresa.
  Primeiro, a imagem de não ser uma empresa machista ou preconceituosa quanto a idade conta muitos pontos é uma boa propaganda.
  Segundo, um “grandão” não vai se meter com seu segurança mulher ou idoso porque as consequências serão terríveis, todo público ficará contra ele a empresa pode até mover um processo contra o agressor.
  Percebem como a situação se inverte?
  Se sua segurança mulher sair no tapa com outra mulher ninguém fica indignado.
  Se você contratar como segurança um idoso suficientemente debilitado caso ele brigue com uma mulher saudável a mulher ficará em desvantagem jurídica e publica.
  O único problema para o segurança idoso seria uma idosa.
  De qualquer forma o risco jurídico da empresa diminui bastante.
  O perfil dessa segurança mulher ou idoso tem que ser aquela pessoa chata, cricri com as normas.
  Mulher chata e idoso cricri não faltam em nossa sociedade, mão de obra abundante...😊

  Para trazer algum dinheiro para casa já fiz muito trabalho de segurança com o tempo parei de procurar esse tipo de emprego porque me dava muita INSEGURANÇA.
  Quem é homem e já fez algum serviço de segurança, mesmo informal, sabe o que estou falando. 
  

 O público em geral sempre se posiciona do lado de quem lhe parece mais fraco.

 

   O cidadão esta passando, nem sabe o que esta acontecendo, mas o forte esta errado o fraco certo.


  Por esses dias, terminada a consulta médica, um detento não quis entrar no camburão.
  Os agentes o derrubaram, arrastaram e o colocaram a força.
  Achei a ação normal, não houve espancamento, usaram a força necessária para que o detento fizesse o que era pra fazer.
  No entanto o público em volta ficou revoltadíssimo: 

😠“Não se faz isso nem com um animal.”
😠“Policiais são mais marginais que os bandidos.”

  Caraca, para o cara estar preso alguma coisa grave ele fez.
  A consulta médica já havia terminado a ordem é retornar com o detento, porque os agentes tem que implorar para que o detento respeite a norma!? 

  Nessa questão de controle do público geralmente é mais fácil dialogar com os caras fortes.
  Não é que eles sejam mais educados que as mulheres, idosos ou baixinhos folgados.
  Eles sabem que se o segurança chegar ao enfrentamento físico, com eles será legitima defesa.
  Como geralmente o segurança está apenas fazendo seu trabalho resguardando as normas do local, o cara forte fica em grande desvantagem na justiça.
  Claro, o segurança corre o risco de levar uma surra inesquecível... 

  Enfim.

  As pessoas acreditam que o dialogo pode tudo, mas não estamos tão civilizados a ponto de dispensar o uso da força.
  Você pode até ser uma pessoa muito civilizada, mesmo assim precisa da força policial ou segurança local para se proteger dos não tão civilizados. 

  Imaginem se abolíssemos a polícia e todos os casos de violência fossem encaminhados para psicólogos, padres e pastores, profissionais supostamente bons de diálogo. 
  Quem acredita que daria certo?

  Na nossa sociedade agentes de segurança não podem fazer uso da força!!!!
 (Não estou falando de excessos.)

   “Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas.”

 [Isaac Newton]

 





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