quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Nada Gostoso

  “Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?”
   [Nietzsche]

  Depois de tantos textos é difícil saber sobre o que não escrevi.
  Não sei se já falei sobre o episódio da série 2 Homens e Meio em que Allan tem a oportunidade de não se preocupar com mais nada referente a falta de tempo ou dinheiro.
  Ele chega todo animado em casa e diz a Charlie:

  “Agora só vou cuidar de eu mesmo!”

  Depois de pouco tempo Allan está muito entediado sente saudades da sua vida de “correria”.

Allan – Como você consegue ficar tanto tempo sem fazer nada, só cuidando de si mesmo.

Charlie – Está vendo! Isso é uma arte e as pessoas pensam que é fácil.
😆😆

Allan – É difícil?

Charlie – Allan, Allan, para eu é fácil porque sou assim, mas você é diferente, se insistir em ficar no ócio irá se destruir, ficar deprimido
   Retorne a sua antiga vida.






 
  Eu gosto de viver aqui na Terra até porque não sei como é viver em outro planeta [ou outra dimensão].

  Se temos saúde e alguma razoável fonte de renda tudo se ajeita, a vida é múltipla para múltiplos gostos.

  Eu sou mais para Charlie, tenho uma incrível capacidade de não fazer nada.
  Eu sinto que poderia ficar sem fazer nada por centenas de anos.
  Calma! O meu nada não é ficar sentado ou deitado em um lugar qualquer olhando para as paredes ... por isso comprei uma boa TV e um bom computador.
  Falando mais “sério”, a TV e o Computador não são apenas um chiste, quando estou em casa realmente passo bastante tempo olhando para uma tela.

  Quando estou de férias fico sem comer até sentir fome, sem regras, sem horários fixos.
  Nos mercados tem tantos alimentos, tantos sabores, não dá para enjoar de comer, sempre tem aquele alimento que faz tempo que você não come, agora mesmo deu vontade de comer um saboroso abacate, faz tempo que não como.

  Nas Férias fico acordado até sentir sono e dormir é delicioso, não tenho como enjoar.

  Tudo isso independente de tempo, nas férias é como se o tempo não existisse, posso passar a noite em claro assistindo filmes e dormir das 10 até as 17 horas.
  Arrumo a cozinha, limpo a casa, faço caminhada, faço exercícios, levo as crianças na escola, converso com minha esposa, faço compras, escrevo, leio, debato, contemplo a paisagem... ufa!
  É um nada tão gostoso.

  Até pouco tempo atrás eu acreditava que por melhor que a vida fosse a gente acabava enjoando de viver.

  Hoje acho que enjoamos é de ter excesso de problemas, enjoamos de uma vida de sofrimento.
  Se bem que tem muitos que cultuam o sofrimento, gostam dele, consideram o sofrimento uma grande benção que lhes trará um lugar melhor em um Céu... não sou desse tipo de gente.
  Eu não cultuo o sofrimento não o tenho como uma “benção” então pulemos essa parte.

  É impossível não termos nenhum problema, eles fazem parte da vida, criam aquela diferença de potencial que é uma das dinâmicas do Universo.
  No meu caso se os problemas não são muitos ou graves a vida fica bastante agradável com suas cores, sons, sabores, diferentes formas, diferentes tipos de humanos.
  Se vivêssemos por mais tempo, digamos 200 anos ou mais a partir dos primeiros 100 anos seria muito satisfatório.
  Com 100 anos já nos conheceríamos muito bem e a vida seria gostosa com muito trabalho e responsabilidade para pessoas como Allan e de muita contemplação para pessoas como o Charlie.
  Como não vivemos 200 anos devemos nos adaptar aos cerca de 60 que vivemos.
  Até os 30 é tempo de “envelhecer rápido”, se conhecer, adquirir experiência para dos 30 anos em diante rejuvenescermos nossa alma uma vida satisfatória de trabalho ou contemplação, claro que uma coisa não exclui a outra e pensando em 3D as possibilidades são infinitas, descubra o que é possível fazer de sua vida.
  Procure ajustar sua vida para esta provocação de Nietzsche:

  “Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?”

  Quem sabe a eternidade aconteça, se não acontecer... CARPE DIEM!

  Que a vida seja eterna enquanto dure.

  






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