segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Jiddu Krishnamurti


 

   Onde há escolha não há liberdade porque a escolha resulta justamente do nosso estado condicionado.”

 [Jiddu Krishnamurti] 

 

 

 

  Com esse texto encerro minha sequencia sobre Krishnamurti.


  
Jiddu não gostava de ser classificado como filósofo, guru ou mesmo pensador.

  "Qualquer titulo aprisiona, é um condicionamento."
 
  Mas quando vemos a adoração de seus simpatizantes é difícil não classifica-lo como "guru". 

  [Guru é um professor no hinduísmo, budismo, e sikhismo, que possui um profundo entendimento da alguma linha filosófica, o guru também é visto em religiões indianas como um guia sagrado à auto realização.] 

  No tipo de filosofia tão subjetiva praticada por Jiddu podemos trilhar inúmeros caminhos meio ao gosto do freguês.
  Vou falar a primeira coisa que me veio à mente quanto ao pensamento em destaque.

  Onde não há escolha há liberdade!?

  Lembrei de Karl Marx, entendam porque.

  Marx criticava à prisão/condicionamento mental provocado pelo feitiço da mercadoria. 

  Se te oferecem 5 sabores diferentes de sorvete essa diversidade do produto enfeitiça sua mente o levando a experimentar os 5 sabores, aumentando o consumo, um dos motores da sociedade capitalista.
  Se tem só um sabor você não tem escolha “se libertando” do consumo. 

  Já notou que quanto maior a variedade de comida mais você come?
  Se em uma festa tem só um tipo de salgado você se empanturra com ele e para de comer.
  Se tem vários tipos vai experimentando, vai consumindo, depois ainda tem o bolo que geralmente é doce.
  A variedade te enfeitiça.

  Pense em uma gostosa macarronada, delícia né?
  Ainda não encontrei alguém que não goste de macarrão.
  Mas imagine comer só macarrão com molho de carne e tomate todos os dias, só isso.
  Seu apetite diminui bastante.
  Claro, você gasta energia, mais cedo ou mais tarde sentirá fome e se só tem macarrão para comer é isso que irá fazer, mas comerá só o necessário, diminui o consumo. 
  Tem a necessidade de comida, mas diminui "seu prazer" em comer.

  Isso não te lembra um Ascetismo forçado?
  Se você não tem força mental para consumir o mínimo possível é criado um sistema que te induza a isso.
  Seu filho gosta de carne, mas você é vegetariano.
  Se você não consegue convencer seu filho a ser vegetariano basta não comprar mais carne.
  A hora que ele sentir fome só terá frutas, verduras e legumes para comer.

  Como acabar com a inveja a respeito de casas?
  Construir casas todas do mesmo tipo e cor.
  Porque você vai ter inveja da casa do vizinho se ela é muito parecida com a sua?
 
  Se tivesse apenas um tipo de celular produzido em alguma estatal fatalmente o consumo desse produto diminuiria.
  Porque você vai comprar um celular novo se ele não traz nenhuma inovação e tem o mesmo designe que o que você já tem.
 
  Perceba que "em teoria" estamos construindo uma sociedade fraterna, igualitária, sem inveja, sem ambição. 

  As pessoas com “tudo em comum”, comunismo.
  Pessoas com “tudo igual”, igualitarismo. 

  Os que já tem um caráter franciscano/ascético se adaptarão bem e os que não tem são forçados a se comportar como se franciscanos fossem, não tem opção.
  A não ser que você seja do partidão, daí claro que tem direito a “benesses” do Estado para tomar conta da vontade de tanta gente...

  Fomos condicionados a demonizar certos sentimentos como inveja e ambição.
  Mas inegavelmente esses sentimentos nos fazem buscar coisas.
  Seu colega tem um smartphone tão legal, te dá uma ponta de inveja que te faz ambicionar ter um igual ou melhor.
  Como esse texto trata de pessoas honestas, você não vai roubar seu colega, você vai trabalhar mais e poupar mais para atingir seu objetivo.
  A inveja e ambição nos tira daquela mesmice, daquela zona de conforto.

  Numa sociedade Capitalista inevitavelmente os cidadãos serão mais ambiciosos, inovarão mais, perseguirão mais a eficiência e produtividade.
  Os cidadãos ascéticos/franciscanos terão respeitada sua opção pelo básico.

  Então chegamos a esse outro lado da questão.
  Para consumir precisamos primeiro produzir.
  Produzir 5 sabores de sorvete gera mais empregos que produzir apenas 1.
  Também forma uma economia mais complexa.
  Se esses sorvetes são de frutas naturais temos 5 cadeias de produção.
  Torna a economia mais estável, se der problema na cadeia de produção de uma fruta ainda tem mais 4.

  Claro que o consumismo ensandecido deve ser evitado, mas observo que nós humanos nos adaptamos melhor a uma sociedade de consumo que a uma sociedade ascética.

  Ter à disposição 5 sabores de sorvetes é do agrado da maioria das pessoas mesmo que elas não venham a consumir.
  Variedade de comida é agradável a todos.
  Eletrônicos cada vez mais eficientes são do agrado da maioria.

  Aqui colocamos em xeque o pensamento de Jiddu. 
  Ele sugere que busquemos uma libertação total.
  Eu digo que:

  LIBERDADE PLENA NÃO EXISTE.
 
  Mas se eu posso escolher entre 5 sabores ou experimentar todos eles ... como ser limitado a um único sabor pode me fazer menos preso ou mais o livre? 
  Gostar de variedade parece algo natural em nós, pensadores como Marx e Jiddu  tentam nos condicionar ao ascetismo. 
  Quero dizer que mesmo que a existência de um único sabor de sorvete me libertasse da “escolha” não me libertaria de um provável condicionamento. 
  Alguém decidiu por mim qual o único sabor que terei acesso.
  De qualquer forma estou preso à vontade/condicionamento de alguém.

  Gaiolas são gaiolas, mas quem trocaria uma de 5 metros quadrados por outra de um metro e ainda assim se sentiria mais livre? 
 

 

  “Muita gente neste mundo é independente mas pouquíssimos são livres”

 [Jiddu Krishnamurti] 

“Todos desejamos ser famosos, mas no momento em que desejamos ser algo já não somos livres."

 [Jiddu Krishnamurti] 

 

 

  Observamos a obsessão de Jiddu por um conceito estranho de liberdade. 
  Para você ser livre não deve desejar nada ou só o suficiente para sua sobrevivência.
 “Pouquíssimos são livres”, de certo Jiddu e alguns iluminados.
  E aqui vemos mais uma semelhança com o Comunismo.
  Tem essa casta superior do partido único e do grande líder que sabe o que é melhor para todos ... os iluminados.

   No geral não entendo a admiração de tantos ocidentais por “gurus” indianos, é um povo que procria como coelhos, até hoje tem divisões por castas, uma cultura onde é difícil achar algo para admirar. 

  A Cultura em parte é reflexo dos pensadores mais influentes da nação, para o bem ou para o mal. 

  Os pensadores indianos praticam uma Filosofia “enfeitada”, repleta de subjetividades onde cada um interpreta como mais lhe apraz... sempre colocando muita “paz e amor”.

  Quem quer ler um Maquiavel?
  Nasceu em Florença/Itália em1469. 
  (Só um exemplo)

  “Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.” 

  O pai está morto, nada vai mudar isso. 
  A vida continua e viver na pobreza é extremamente desagradável.
  Não é um pensamento enfeitado/bonito, mas corresponde a uma realidade observável inúmeras vezes.
  Perceba que Maquiavel é muito mais instigante, provocador, nos leva ao profundo de nossos desejos inconfessáveis de bom e de mau... um autoconhecimento.
  Nesse caso a ambição chega a ser algo 
pragmático.
 
  Em uma ideologia do “Jiddu” esquecer o pai só acontece com quem não é capaz de amar.
  Em um pensamento “maquiavélico” eu amei meu pai enquanto vivo, agora a vida dele acabou e a minha continua.
  Mais cedo ou mais tarde minha vida também será encerrada, por enquanto ... que eu faça bom uso da saúde e do dinheiro.

  "É perigoso libertar um povo que prefere a escravidão". 
[Maquiavel]

  Alguém lembrou do Iraque?


  

  Krishnamurti, fala bastante sobre autoconhecimento, mas esse é um assunto muito requentado, Sócrates e Platão já falavam sobre isso de maneira brilhante.

  “Conhece te a ti mesmo.” 

  A Grécia nos deixou forte herança cultural e cientifica, indianos e seus gurus não.
  O Iluminismo ocorrido na Europa nos deixou uma forte herança econômica, indianos não.

  Quando você quiser evoluir Filosoficamente comece pelos pensadores europeus a boa base está ali.

  Se eu não tivesse uma boa bagagem filosófica europeia até ficaria encantado com os gurus indianos e similares ainda bem que comecei com Sócrates:

  “Na velhice o prazer do sexo é substituído pelo prazer da ternura, compreensão, companheirismo, é onde as duas pessoas realmente vivem uma sexualidade plena e responsável.”

  “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.”

  “Nenhum cidadão deve ser um amador em matéria de treinamento físico.
  Que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ver a beleza e a força do que o seu corpo é capaz.”

  “Não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar.”

  “Um rosto bonito vale uma passagem para o deleite, uma alma bonita, vale um bilhete para a eternidade.”

  “As pessoas precisam de três coisas: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara.”

  “O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.”

  “Se a morte fosse mesmo o fim de tudo, seria isso um ótimo negócio para os perversos, pois ao morrer teriam canceladas todas as maldades, não apenas do seu corpo mas também de sua alma.”

  “As almas de todos os homens são imortais, mas as almas dos homens justos são imortais e divinas.”  

  Até quando Sócrates filosofa subjetividades nos enche de esperanças, grande filosofo.
  Divino!

   



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